ATA DA SÉTIMA SESSÃO SOLENE DA PRIMEIRA SESSAO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 22.06.1993.

 


Aos vinte e dois dias do mês de junho do ano de mil novecentos e noventa e três reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Sétima Sessão Solene da Primeira Sessão Legislativa Ordinária da Décima Primeira Legislatura. Às dezessete horas e vinte e nove minutos, constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão Solene destinada a entregar o Título Honorífico de Cidadão Emérito aos Jornalistas Carlos Wagner, Nilson Mariano e Ronaldo Bernardi, conforme Projeto de Resolução nº 03/92 (Processo nº 119/92) de autoria do ex-Vereador Gert Schinke e proposição do Vereador Lauro Hagemann. Compuseram a Mesa: Vereador Wilton Araújo, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Jornalistas Carlos Wagner, Nilson Mariano e Ronaldo Bernardi, Homenageados; e Vereador Airto Ferronato, 1º Secretário. A seguir, o Senhor Presidente manifestou-se dizendo que Porto Alegre reconhece a capacidade destes profissionais s e presta essa homenagem através desta Casa e concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome deste Legislativo. O Vereador Lauro Hagemann, pelas Bancadas do PPS e PDT, disse que a singeleza deste ato demonstra o que é a vida de um jornalista. Disse que o parlamentar e o jornalista tem profissões similares por que são duas instituições que o homem aprendeu a respeitar e falou sobre a competência dos três Homenageados. Disse, ainda, que Porto Alegre se sente honrada de poder prestar esta homenagem. O Vereador Airto Ferronato, pelas Bancadas do PMDB, PPR e PFL, disse que hoje os homenageados passam a ser filhos legítimos de Porto Alegre. Disse que o jornalismo existe desde o século XV, evoluindo até nossos dias marcando sua presença. Falou da feliz lembrança do ex-Vereador Gert Schinke e do Vereador Lauro Hagemann de prestar essa homenagem aos jornalistas Carlos Wagner, Nilson Mariano e Ronaldo Bernardi. O Vereador Gerson Almeida, pela Bancada do PT, disse do prazer e honra de estar representando o seu partido nesta Sessão Solene. Falou que os Homenageados representam o jornalismo comprometido com a verdade, expondo a realidade nua e crua em reportagens realizadas e publicadas no Jornal Zero Hora. Saudou os Homenageados e agradeceu pelo trabalho jornalístico e a divulgação do que acontece no nosso Estado. A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para, de pé, assistirem a entrega dos Diplomas aos Jornalistas Carlos Wagner, Nilson Mariano e Ronaldo Bernardi. Em continuidade, o Senhor Presidente concedeu a palavra a Carlos Wagner que agradeceu a homenagem prestada pela Casa e disse que é graças a urna senhora chamada Reportagem a sua razão de existir, aos colegas e a todos aqueles que abraçam a profissão. Nilson Mariano disse que era com alegria que aceitava essa homenagem. Ronaldo Bernardi disse que se sente honrado de fazer parte desta Cidade e que ainda tem muito a realizar. Às dezoito horas e nove minutos, nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, agradecendo a presença de todos e convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Wilton Araújo e secretariados pelo Vereador Airto Ferronato. Do que eu, Airto Ferronato, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelo Senhor Presidente e por mim.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE: Damos início a Sessão Solene destinada a entregar o título honorífico de Cidadão Emérito aos Jornalistas Carlos Wagner, Nilson Mariano e Ronaldo Bernardi, a requerimento do Ver. Gert Schinke e desarquivado, para ser feita a homenagem, agora, pelo Ver. Lauro Hagemann, Processo esse, que quando da apresentação do Projeto, teve a aprovação, por unanimidade, dos Vereadores de Porto Alegre.

De imediato, passaremos a palavra aos oradores que falarão em nome da Câmara Municipal de Porto Alegre e em nome dos seus partidos. Com a palavra o autor da homenagem, o Ver. Lauro Hagemann, que falará em nome de seu Partido, o PPS, também em nome do PDT.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Prezado Ver. Wilton Araújo, Presidente da Mesa e desta Sessão; Ver. Airto Ferronato, Secretário; prezados companheiros jornalistas Carlos Wagner, Nilson Mariano e Ronaldo Bernardi; Srs. Vereadores; jornalistas e amigos dos homenageados.

A singeleza deste ato reflete, no meu entendimento, o que é a vida do jornalista. Não tem, de parte do grande público, manifestações mais eloqüentes, mais grandeloqüentes de simpatia, mas nem por isso seu trabalho deixa de ser respeitado e valorizado pela sociedade. Nós hoje estamos aqui para homenagear três jornalistas que exercem notavelmente a profissão, porque Wagner, Mariano e Bernardi se assemelham um pouco à nossa própria vida parlamentar. Eles são representantes não eleitos da sociedade, mas, nem por isso, menos importantes e menos respeitados. É muito parecida a função do jornalista e a do parlamentar. O que fazemos nós aqui da tribuna? Fazemos denúncias, levantamos fatos, propomos soluções, investimos contra os desonestos e elogiamos os benfeitores. Os jornalistas, a seu modo, fazem isto com uma responsabilidade maior, porque não são só eles que estão nesta empreitada; são os seus veículos também. E até nisto nos assemelhamos. As instituições que representamos: o parlamento e a imprensa são duas instituições que o homem aprendeu a respeitar; aprendeu a ter guarida na imprensa e no parlamento e a se socorrer nestas instituições. Nem por isto os agentes destas instituições deixaram de ser pessoas que têm característica humana, e por isto também são falíveis. Por isto, existem parlamentares e jornalistas que não representam a média dos representantes destas instituições. Existem parlamentares corruptos, dissidiosos e incompetentes, assim como existem jornalistas corruptos, dissidiosos e incompetentes. Mas felizmente, hoje, para esta Casa estamos diante de três personalidades excepcionais, que são agentes de uma dessas instituições da imprensa que dignificam a condição humana. Wagner, Mariano e Bernardi já deram mostras do que são, do que podem e do que pretendem. Esta homenagem, eu devo dizer, sinceramente, que não foi patrocinada por mim, foi uma iniciativa do ex-Vereador Gert Schinke, que merece toda consideração, e eu me sinto um pouco enciumado por não ter tido eu a iniciativa de promover esta homenagem, mas me socorro com o fato de ter sido o impulsionador desta solenidade, era o que faltava para se completar esta homenagem. Porto Alegre sente-se sumamente honrada em acrescentar ao rol de Cidadão Emérito essas três pessoas. Carlos Wagner, vim saber que era meu conterrâneo, natural de Sinimbu; outro conterrâneo é o Reitor da PUC. Existem santa-cruzenses espalhados por aí, tem um ali sentado, repórter internacional, tem o Mariano que é bem próximo de Santa Cruz, de Candelária. Não vamos dizer que Candelária é um bairro de Santa Cruz, porque os candelarienses costumam dizer que Santa Cruz é o Distrito Industrial de Candelária. E o jovem Bernardi, fotógrafo, numa carreira impressionante! Os três são jovens, têm muito a acrescentar às suas vidas profissionais, e muito a dar à sociedade. O currículo de cada um está exposto aqui, são todos eles premiadíssimos. Acho que qualquer jornalista se sentiria envaidecido de receber uma parte dessa premiação. Além dos prêmios, o Wagner tem seis livros publicados, abrangendo os temas mais variados, a problemática social dos nossos dias está presente em todos os trabalhos jornalísticos do Wagner. O último não está no rol das coisas que aparecem aqui no currículo, quantos mais ele nos dará. O Mariano tem vinte e um prêmios de reportagem com trinta e cinco anos de idade, imaginem quando tiver 70.

O Bernardi é um fotógrafo que, embora não tendo curso superior de jornalismo, tem a seu favor aquele “faro” e, mais do que o faro, o que é muito necessário a um fotógrafo: a audácia e a pertinácia. É dele a famosa fotografia da Praça da Matriz, quando houve o célebre confronto com os colonos sem-terra. Era preciso ter muita coragem pessoal para estar ali, registrando o fato no exato instante em que ele sucedeu, pelo grau de conflito que se estabelecia.

Os outros dois, anteriores, têm formação profissional superior, têm trabalhos na área social muito importantes.

Nessa tarefa, esses três jornalistas apreenderam bem o que é ser jornalista. E, felizmente para nós e para eles, até hoje, nenhum quis impor suas concepções, o que se está transformando em um fato corriqueiro entre nós. Não só a instituição imprensa, mas os agentes da imprensa estão querendo fazer prevalecer os seus pontos-de-vista, uma atitude completamente errada, no meu entender. O órgão de imprensa, o jornalista, seu agente são reflexos da sociedade e não seus juízes. O juízo da sociedade deve ser ajudado a ser formado por eles, isso sim.

Era isso que precisava ser ressaltado: a justeza do prêmio, o orgulho que sente a Cidade em relacionar os três no rol dos Cidadãos Eméritos, sendo que apenas um deles é porto-alegrense. Isso acontece com a maioria dos Cidadãos Eméritos de Porto Alegre, que não é daqui. Wagner e Mariano ancoraram aqui e transformaram Porto Alegre em sua cidade adotiva. É por ela que trabalham, para ela, num reconhecimento implícito da importância que tem essa Cidade para esses jornalistas. É isto que deve ser ressaltado.

Eu sei que há mais companheiros Vereadores que querem saudar os homenageados, por isso, na singeleza desta Sessão, eu deixo aqui o meu abraço fraterno aos companheiros Bernardi, Wagner e Mariano, por estarem recebendo, hoje, merecidamente, o título de Cidadão Emérito. É uma honra e uma alegria muito grande para todos nós recebê-los neste dia. Meus parabéns. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Airto Ferronato, que falará em nome da sua Bancada, o PMDB, e em nome das Bancadas do PPR e PFL.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: Ilustre Presidente Ver. Wilton Araújo; jovens ilustres homenageados Jornalistas Carlos Wagner, Nilson Mariano e Ronaldo Bernardi; Srs. Vereadores; amigos e colegas do nosso homenageado, aqui presentes; Senhoras e Senhores.

Em primeiro lugar, quero registrar a nossa satisfação em falar em nome da nossa Bancada, o PMDB, e em nome das Bancadas do PPR e PFL, neste ato. Quero dizer, inicialmente, que aqueles homens que vêm do interior e que chegam em Porto Alegre sentem-se, desde logo, seus filhos adotivos. Hoje, os nossos homenageados passam a ser filhos legítimos da nossa Porto Alegre.

Anotei, aqui, algumas palavras para dizer aos homenageados. (Lê):

 “O jornalismo é, com certeza, uma das atividades do homem com unanimidade mundial. E das mais antigas. É provável que tenha surgido logo após o aparecimento do homem na Terra, há milhões de anos. Portanto, bem antes de o alemão Gutenberg inventar a imprensa no Século XV desta era. Jornalismo é sinônimo de comunicação e nossos ancestrais tinham necessidade dela, tanto como do ar e da água”.

A curiosidade e o saber são inerentes à natureza do ser humano. Assim, ao natural, a comunicação evoluiu com o progresso e está cada vez mais aprimorada e sofisticada. Não surpreende, porém, que mesmo unânime, o jornalismo em suas diferentes formas, desde os primórdios da civilização, seja alvo de perseguições, injustiças e outros crimes, como também o é de reconhecimentos positivos ou negativos. De qualquer maneira, registra a história.

Mesmo no obscurantismo da Idade Média, com os tempos seculares da chamada “Santa Inquisição”, o jornalismo marcou presença. Como ainda neste século, sob regimes ditatoriais, republicanos ou monárquicos. É evidente a falta de liberdade de imprensa nesses períodos. No entanto, a comunicação se manteve.

Independente de governo e regime político, o jornalismo é fundamental e perene. Apesar da atração que essa profissão exerce, basta notar o índice elevado e crescente de procura pelo curso. Ela é bastante perigosa. É uma das que apresenta mais alta taxa de mortalidade durante a atividade profissional. Só que não são apenas os correspondentes de guerras a morrer prematuramente. Há um número considerável de óbitos provocados por governos ditatoriais e suas “autoridades”.

Esta é a hora solene de enaltecer o trabalho jornalístico investigativo, através dos repórteres notáveis de “Zero Hora”, Carlos Wagner, Nilson Mariano e Ronaldo Bernardi. Por isso, na condição de Vereador, nesta Câmara Municipal, parabenizo os três jornalistas e agora também Cidadãos Eméritos de Porto Alegre.

Foi feliz a idéia do ex-Vereador Gert Schinke de apresentar na gestão passada, o Projeto de concessão destes títulos ao Wagner, Mariano e Bernardi. Como também a do Ver. Lauro Hagemann, do PPS, em requerer data à entrega dos títulos em Sessão Solene. Considero merecida esta homenagem a estes repórteres, até porque pertencem a um grupo minoritário na profissão, hoje em dia, de não se preocupar apenas com o noticiário objetivo e corriqueiro.

Há anos realizam, além do trabalho comum, outro mais apurado, o de investigação, e aí estão as dezenas de prêmios jornalísticos importantes, inclusive internacionais, que receberam como forma de reconhecimento. Esse jornalismo investigativo, especialidade do Bernardi, do Mariano e do Wagner, propicia boas reportagens, sendo que algumas de impacto social. Isso faz a sociedade, de uma maneira geral, pensar, como o que aconteceu com a série de reportagens, de autoria dos três, publicadas por “Zero Hora”, no final de 1991, sobre a prostituição de meninas menores, vítimas da fome e de marginais inescrupulosos. Tratou-se de um trabalho digno que mostrou, cruamente, mais esta faceta da sociedade conhecida por todos e que pouco pode ser feito pelos governos e justiça para acabar com esse e outros males. Esse jornalismo seguido por Mariano, Bernardi e Wagner não é fácil de ser feito. Pelo contrário, faz com que arrisquem suas vidas. Diante disso, mais uma vez, cabe o nosso respeito e reconhecimento pelo que realizam. Parabéns aos novos cidadãos de Porto Alegre e para finalizar eu gostaria de dizer que os laureados são os melhores em suas profissões e que nós temos certeza porque acompanhamos, ouvimos todas as exposições feitas e pelo que se noticia na imprensa, todos esses méritos, este reconhecimento da Cidade, esses prêmios que vocês receberam demonstram bem a capacidade de trabalho e a competência de cada um no desempenho das suas funções. Um abraço a vocês e parabéns. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Gerson Almeida pelo Partido dos Trabalhadores.

 

O SR. GERSON ALMEIDA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, colegas, amigos dos homenageados, jornalista Carlos Wagner, Nilson Mariano e Ronaldo Bernardi, fotógrafo. Para mim é um prazer e uma honra falar em nome da minha Bancada, neste momento, e gostaria, inclusive, preliminarmente, de justificar a ausência do restante da minha Bancada porque neste momento, neste exato momento está sendo julgado um ex-soldado da Brigada e hoje Vereador, companheiro nosso José Gomes, por declarações ao Jornal “Zero Hora”, que é a primeira peça do processo de acusação, porque defendia um oficial que estava sendo punido naquele momento por organizar uma associação de oficiais da Brigada Militar. O Jornal “Zero Hora” tem sido o jornal que tem publicado, nos últimos tempos, pelo menos, matérias, fotografias dos nossos homenageados.

E quando me foi colocada a possibilidade de falar nessa Sessão, e reivindiquei frente a Bancada, foi exatamente porque, se a imprensa é uma coisa muito importante, e há unanimidade com relação a isto, a imprensa livre, imprensa investigativa, nós sabemos também que ela não é só realizada quando se derrubam as ditaduras ou regimes de exceção, na medida que nem sempre isto traz junto a possibilidade de que todas as facetas da sociedade, todas as reuniões, todas as vontades, enfim, tenham o mesmo espaço, a mesma expressão. Acho que os homenageados desta Sessão representam certamente o melhor, entre os melhores de um jornalismo comprometido com a verdade, comprometido em expor a realidade nua e crua. Me parece que foi assim que as reportagens, especialmente uma que logo me ocorreu quando vi os três nomes juntos, eu posso confessar a ignorância, mas a reportagem que me marcou muito foi exatamente a série de reportagens sobre as meninas prostitutas, vendidas como mercadoria. Um ensaio jornalístico, digamos assim, sou leitor assíduo de jornais há muitos anos, eu me lembro de ter visto muito poucos e, na verdade, não quero dizer que é o único, porque estou considerando que a memória tenha falhado ao esquecer um ou outro. Mas me marcou sensivelmente, até porque, neste último sábado, o próprio jornal “Folha de São Paulo” publicava, dois anos depois, uma série de reportagens com minúcias, com detalhes, colocando as várias rotas do tráfico, colocando nomes, entrevistando pessoas, tirando fotografias, enfim, uma coisa que requereu muito trabalho, muita dedicação e eu diria também, coragem. Depois de dois anos nós vimos que o Brasil é, segundo as entidades reunidas em Viena, entidades ligadas à defesa da mulher e do menor, o segundo País no mundo em prostituição infantil, só batido, segundo esses dados, que são dados de fontes idôneas, pela Tailândia, neste prêmio que nos entristece e não nos dá nenhuma alegria. São mais de 500 mil meninas prostitutas. E que eu saiba, que eu conheça, o Jornal “Zero Hora”, pelo trabalho do Carlos Wagner, do Mariano e as fotos do Bernardi, foi, talvez, precursor em sistematizar, em dar nomes, endereços, desvendar toda uma coisa que a gente sabe que existe, mas nunca teve em mãos documentos ou reportagens como esta. Inclusive está aqui o tráfico, está a cidade, a quem serve cada rota, tem o nome de pessoas que foram entrevistadas em suas casas e falaram de uma maneira aberta. E parece que nada foi feito contra esse tráfico de mulheres na prostituição infantil e assim por diante. Eu acho que esta série de reportagens e toda esta premiação são para pessoas bastante premiadas, com livros publicados, isso, por si só, coloca os três como muito mais do que merecedores deste prêmio que recebem hoje.

Mas eu diria mais, eles dão um significado, eles, ao receberem o título de Cidadão Emérito, eles dão estatura a este título que é dado para várias pessoas ilustres, pessoas importantes, vários homens e mulheres importantes. Agora, quando três pessoas desse porte recebem um prêmio desses, é o prêmio que fica engrandecido e não tanto os três jornalistas que o recebem agora.

E eu queria, por último, além de fazer esse depoimento, queria lembrar, e lembro quando vejo dirigentes do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem terra, nesta Sessão Solene, lembrar especialmente o Carlos Wagner, me desculpem o Mariano e o Bernardi, mas eu que tenho acompanhado, de uma maneira ou de outra, esses movimentos, sem dúvida nenhuma, se nós ligarmos jornalismo e cobertura de movimentos sem terra, nós vamos lembrar de um nome, que é o Carlos Wagner. Inclusive, talvez, um dos poucos jornalistas que em alguns momentos, como na Fazenda Sta. Elmira, estava lá sob risco sério, de ser um, entre os tantos que foram bastante atacados, agredidos naqueles momentos. Estava lá, e a partir dessa coragem, a partir do fato de o jornalista certo estar no lugar certo é que a população do Rio Grande do Sul pôde saber de muitas coisas que possivelmente ficariam obscuras e não esclarecidas, se essa conjunção de coisas não tivesse se dado. E, a cidade e a opinião pública agradecem a esses três jornalistas por essa coragem, por essa determinação e por esse compromisso com a verdade que eles têm demonstrado.

Portanto, esse título, mais do que enobrecê-los, certamente fica engrandecido, a partir do dia de hoje, com a homenagem que o ex-Vereador Gert Schinke e o companheiro Lauro Hagemann fizeram. E eu, em nome do Partido dos Trabalhadores, quero deixar a minha saudação e agradecer aos três pelo que têm feito pelo jornalismo e pela divulgação das coisas aqui no Estado. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Os oradores falaram em nome da Casa, mas a Câmara Municipal, a Casa do Povo de Porto Alegre, tem a honra de poder, neste momento solene, e a cidade de Porto Alegre, através de seus representantes, reconhecer o trabalho, não só dos profissionais como dos cidadãos, aqueles que têm vontade, que têm meios e instrumentos, e fazem, querem fazer, a transformação dessa nossa sociedade. É por isso que esses cidadãos eméritos, que hoje irão receber os seus diplomas, têm diferenciais, têm coisas que eles, com os instrumentos que tem, poderão auxiliar de forma decisiva, objetiva e clara, na rota, no caminho que a sociedade precisa percorrer.

Neste sentido, a Câmara Municipal de Porto Alegre sente-se honradíssima em poder destacá-los, premiá-los de certa forma, mas também exigir que esse trabalho continue, que esse caminho percorrido, até agora, seja só o início, e que a comunidade de Porto Alegre possa ter nesses cidadãos eméritos os cidadãos que farão o mundo do próximo século.

Convidaria a todos para que de pé pudéssemos entregar o Diploma, em conjunto, o que simbolicamente farei, mas que todos os 33 Vereadores e a comunidade de Porto Alegre farão, neste instante, aos nossos homenageados.

(É feita a entrega dos títulos.) (Palmas.)

Vamos passar a palavra aos nossos novos Cidadãos Eméritos, já devidamente diplomados. Inicialmente, está com a palavra o Sr. Carlos Wagner.

 

O SR. CARLOS WAGNER: Eu só quero dizer que entendo que a homenagem que recebemos, prestada pela Cidade, é para uma Senhora chamada Reportagem, que é a minha razão de existir, dos meus colegas e de todos aqueles que abraçam a profissão.

Não é o Wagner que está sendo homenageado, não é o Nilson e não é o Ronaldo. É a figura da reportagem. Vocês, como leitores, cada dia que compram um jornal, devem comprar aquele que traz essa dama. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. NILSON MARIANO: Esta homenagem causa sensações opostas e paradoxais, de alegria, de reflexão, e de um certo constrangimento. De alegria, porque a Câmara de Vereadores, a Casa do Povo, está homenageando a “reportagem”. É neste sentido que a homenagem é aceita, como estímulo à tentativa de ser uma reportagem de reflexão, porque não fizemos mais nada, além do que cumprir, plenamente, com a nossa missão.

É hora de pensar, de refletir quantas vezes deixamos de cumprir nossa missão, quantas vezes falhamos. É, também, um momento de extremo constrangimento. Creio que os verdadeiros merecedores deste título, são as meninas que são obrigadas a se prostituírem, são arrancadas de seus lares, mantidas em cárcere privado.

Mas, entre constrangido e reflexivo, e muito alegre, aceito como estímulo à reportagem. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. RONALDO BERNARDI: Sinto-me muito honrado de receber este Título e de fazer parte desta Cidade de Porto Alegre. Vim para cá quando menino, nasci em Canoas. Vim para cá quando garotinho e há muito tempo amo esta Cidade, como amo minha profissão. Não tenho formação superior, mas tive a grande contribuição de colegas da Redação. Hoje sou um pequeno repórter fotográfico. Acho que tenho muita coisa a fazer pela nossa Cidade. Gosto muito de acompanhar os colegas Nilson Mariano e Carlos Wagner em nossas reportagens. Quero ter energia e saúde para continuar sempre, cada vez mais, denunciando. Uma vez, outro dia, na Redação, um amigo meu me ensinou algo que jamais vou esquecer: quando uma reportagem for feita, seja qual for, e houver uma porta fechada, e alguém disser: “não entre”, aí é que tem que entrar, porque certamente há algo errado. Gostaria de estender esta homenagem a um grande professor, que foi o meu pai. Eu não pude fazer uma faculdade, porque, segundo o meu pai, ele saiu garoto do lar para poder sustentar sua família, e eu para ajudar meu pai. Então, não tive a chance de fazer uma faculdade, mas tive uma grande faculdade ao lado dos meus colegas do jornal “Zero Hora”. Quero continuar sempre em Porto Alegre, denunciando, porque há muita coisa para denunciar. Há quem diga que a imprensa é o quarto poder; eu até acho que é o primeiro, porque, de fato, ela denuncia. Só lamento que as autoridades não tomem providências. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra dos nossos homenageados, resta-nos agradecer aos novos Cidadãos Eméritos de Porto Alegre, e agradecer a presença de todos, dizendo que a Casa do Povo de Porto Alegre, a Câmara Municipal, está aberta, não só a solenidades, mas também, e principalmente, para o trabalho cotidiano que a Cidade exige, que são as leis, as votações, as discussões que se procedem nesta Casa, de tal forma múltiplas e dirigidas ao bem da Cidade. Está aberta no sentido de receber as sugestões, as contribuições de todos os que aqui estão. Sentimo-nos honrados com a presença de todos vocês. Encerramos a presente Sessão Solene, agradecendo, mais uma vez, a presença de todos os convidados. Estão encerrados os trabalhos.

 

(Encerra-se a Sessão às 18h09min.)

 

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